Quantas
mortes precisam ocorrer, pra que se mude o parecer?
Quantos
desastres são necessários para que se tomem atitudes?
Quantas
riscos são precisos antes que se consolidem as tragédias?
Como
dizia Bob Dylan, a resposta está soprando no vento.
Outro
dia, próximo a Belo Horizonte uma comunidade foi soterrada pelo
rompimento de uma barreira com rejeitos de uma mineradora. Agora, a
tragédia foi em Mariana.
Que
triste desígnio está escrito na história das Minas Gerais,
relacionado a desastres ecológicos provocados por sua abundante
riqueza mineral?
Depois
do fato consumado, sabe-se que 45 outras barragens encontram-se em
semelhante situação de risco. E, então, o que fazer? Esperar o
rompimento, contabilizar as mortes, avaliar a tragédia ecológica,
socorrer a região com recursos do Tesouro e enviar pêsames às
famílias enlutadas?
E
repetir, como no circo, que o espetáculo tem de continuar?
Insisto
com a pergunta - quantas vezes serão suficientes que ocorram
tragédias deste tipo, para que se dê um basta a tamanha
irresponsabilidade, diante da mais absoluta falta de fiscalização?
Depois
do ocorrido, surge a informação de que existem outras 45 situações
de risco, prontas para que venham a se transformar em realidades.
Talvez
nem sejam 45, podem ser menos. Talvez 30 ou somente 5. Levantamentos
desse tipo são apenas sinais do mais lamentável desprezo com a vida
humana e com a natureza. Menos estatísticas e mais atitudes!
A
humanidade está perdendo o juízo, somente enxergando lucros e
perdas. Não é possível que a queda das ações da Vale ganhe
repercussão por conta da empresa responsável pelo desastre estar
associada à Vale do Rio Doce. Esta não é a hora de se importar com
as perdas dos acionistas e especuladores da Bolsa, mas de olhar para
o aspecto desolador daquela região de Mariana recoberta de lama.
Os
rejeitos caíram no Rio Doce e caminham em direção ao Espírito
Santo. A população ribeirinha vai poder acompanhar a navegação
dessa massa de lama com destino às terras que ficam no ponto abaixo
de onde ocorreu o desastre.
Multas
ou punições de qualquer tipo não resolverão a questão. É
preciso interromper o processo nas 45 outras barragens ameaçadas.
Quem tem coragem de mexer com o capital? O social está debaixo da
lama, enquanto o capital está financiando os desastres.
Quantas
culpas precisam ser atribuídas a uma empresa para caçar-lhe a
licença de uso do nosso solo?
Quantos
cidadãos poderão ser mortos, a cada rompimento de uma dessas
barreiras, antes de suspender o licenciamento?
A
resposta, meus amigos, pode não estar nas mãos dos brasileiros..
The answer, my friends, is blowing in the wind.