domingo, 7 de junho de 2015

TEIA AMBIENTAL - A CORRUPÇÃO É SISTÊMICA E A DEVASTAÇÃO É ESTÚPIDA


 

Meus prezados leitores, não se enganem, pois a corrupção não será combatida com prisões, e nem a devastação de nossos recursos ambientais, impedida por leis e acordos internacionais. Tudo está interligado, não existe uma sem a outra, assim como não existe futuro esperançoso, para um presente decadente.

Não acuse o político, por uma corrupção que só não envolve a sua pessoa, porque não está no lugar dele. Quantos cidadãos, que se julgam honestos, ocupando cargos de poder, renunciariam ao uso da força ou do privilégio, para não se locupletar dos benefícios que a função propicie?

Como diz a física quântica, a vida é sistêmica, eu não existo sem você, o bem caminha ao lado do mal, a honestidade interage com a corrupção, o poder estimula a violência, e a justiça não pune para corrigir, mas para se vingar de quem cometeu o delito. A corrupção é sistêmica e a devastação ambiental é estúpida.

Se o particular melhora, o todo fica melhor. Se um número cada vez maior de cidadãos pensar de modo mais honesto, reduz-se a corrupção e a sociedade passa a rejeitá-la, antes de pensar em puni-la. Que se ponha os pés no chão, e se pare de ampliar penitenciárias e inventar leis que punem, prendendo ou matando os criminosos.

Antes de punir, é preciso mudar a consciência da sociedade, trocando o acúmulo pessoal pela repartição de valores, pensando no coletivo e trabalhando pelo bem-estar comum. Paremos de incentivar a luta pelo poder, a competitividade como forma de progresso e a violência como forma de fazer justiça.

Tudo que fizermos no individual retornará sobre o coletivo com as mesmas falhas e imprecisões que adotamos em nossas vidas profissionais e sociais. Não existe o honesto na família e o corrupto nos negócios, a desonestidade qualifica-o como parte de um sistema corrupto, ao qual ele alimenta e dele se beneficia.

Falar de política ambiental, estimulando a produção e a comercialização de automóveis é de uma incoerência tamanha, que só pode ser levado em conta da má-fé de quem só pensa no dinheiro. Qualquer justificativa é absurda, pois a sociedade é mantida e atraída pela vaidade. Uma propaganda que possa sugerir que este ou aquele carro é ultrapassado, e que há uma promoção irrecusável para a sua troca, leva milhares às lojas e outros tantos automóveis às ruas.

De repente, reclama-se do congestionamento das ruas e da poluição no ar. Quem provoca os males apontados, senão o excesso de carros transitando nas cidades! O que pensava o cidadão consumista, que saiu correndo para aproveitar a promoção do carro novo? Onde ele imaginava que circulariam o seu e o carro dos outros, que como ele, aproveitaram as vantagens ofertadas?

Nesta hora, é mais fácil pôr a culpa em alguém, do que assumi-la, para não se sentir parcialmente responsável pelos aborrecimentos e contrariedades que resultam do aumento cada vez maior de automóveis circulando nos centros urbanos. O culpado é o governo, que não ampliou as vias de acesso ao centro da cidade, ou que não melhorou o sistema de transportes, ou que não criou áreas de estacionamento, ou …

As calçadas estão imundas porque o governo não providenciou a limpeza. A propósito, quem sujou as calçadas, jogando lixo nas ruas e se descartando de tudo que não presta, sem pensar que ia virar lixo? O lixo é parte desse processo sistêmico, que envolve o produtor, o comerciante e o consumidor, sem que se possa culpar uns e isentar os outros.

Falta água nas torneiras, os reservatórios estão vazios, mas sem água não se vive. Procura-se um culpado. A chuva é a vilã, por se ausentar de nossas vidas sem aviso ou um alerta que fosse. A chuva não se ausenta à toa, ela precisa de motivos, que são encontrados nos predadores da natureza. E quem são esses predadores, senão os que reclamam e cobram atitudes dos governantes.

E a energia elétrica, está muito cara, não é mesmo? Quem provoca este aumento? O governo e a agências reguladoras. E quem permite que isto aconteça? A população que consome e exige produtos nos mercados, a qualquer preço. A qualquer preço quer dizer mais devastações e maiores ações poluidoras.  

Governo algum pode impor algo que o povo se nega a consumir. Se o imposto está mais alto, deixa-se de comprar um produto mais caro, e muda-se para outro mais barato, ou, simplesmente, deixa-se de consumir. Se baixar o consumo, o preço abaixa, pois o fabricante e o comerciante precisam vender seus produtos

As ingênuas criaturas se deixam manipular, e permitem que estranhos mandem nas suas vidas. E o resultado é que precisa-se procurar um culpado. E a figura abstrata do governante consola e alivia a consciência. A questão é que existem governantes que atuam numa área e não em outras, e generalizar não resolve o problema.

O Governo Federal propõe políticas nacionais, mas são os Governos Estadual e Municipal que devem implementar essas políticas nos estados e nas cidades. Quem é o responsável pelo lixão da sua cidade? E a água, quem põe e tira da sua torneira? E a polícia que prende, bate e mata, mas que é chamada quando a coisa aperta, quem é que manda na polícia? E quem manda nos Bancos? Esta é uma pergunta difícil de responder. Mas quem se interessa, basta culpar o Governo! 

Agora, vamos para perguntas ainda mais difíceis de responder. E sobre a chuva, a quem reclamar ou acusar? Quem é o dono da chuva? E o calor que seca a terra e mata a plantação? E o frio que acaba com uma safra, e provoca o aumento de preço de produtos agrícolas, a quem reclamar ou culpar? E as doenças, que matam ou tornam nossas vidas mais doentias e dependentes de atendimento médico, a quem responsabilizar?

Viver é enfrentar desafios e vencê-los, ou perdê-los, e aceitar a morte como solução. Tudo está relacionado, e não há crimes sem culpados, nem culpados que sejam inocentados, por transferir culpas ou por mera ignorância.

O mundo caminha ladeira abaixo, sem freios ou salvação, a não ser que as causas e efeitos se unam e se anulem, reduzindo a queda e salvando a humanidade que desce a caminho do caos. Ninguém é mais ou menos culpado, as culpas são culpas, e bastam para provocar as desgraças. O corrupto não se corrompe sozinho, ele precisa do corruptor para se tornar corrompido. O suborno precisa de mão e contramão. O devastador de florestas precisa do receptador da lenha. E o ladrão de quem compre o seu roubo.

O mundo é sistêmico, tudo está relacionado. Somos culpados e inocentes, vítimas e culpados, heróis e vilões. Se cada qual assumir a sua parte, o mundo ficará melhor. Se deixarmos de procurar culpados, e tratarmos de nossos deveres, um dia não será mais necessário buscar culpas, todos estarão voltados para a solução dos problemas.

Parece injusto que se atribua a pessoas sem acesso ao poder, culpas que nem ela sabe que existe, e menos ainda como resolver. Mas, são pequeninas atitudes que mudam a regra do jogo. O jogo que está sendo jogado está acabando com a vida do planeta, e sem um planeta vivo, não há como viver nele. Torna-se indispensável mudar as regras desse jogo, com cada um fazendo o que está ao seu alcance. Se puder fazer mais, que o faça, sem esperar ganhar mais com isto.

Nós não estamos sozinhos, mesmo quando nos sentimos solitários. O mundo está em nós, assim como nós estamos no mundo. Paremos de reclamar, e vamos abraçar a nossa missão na Terra. Deixemos os vizinhos de lado, que eles tratem de fazer a sua parte, enquanto nós fazemos a nossa.

Tudo é parte de um Todo. Eu e todos os leitores, ainda que se pense em contrário, estamos unidos no bem e no mal, na saúde e na doença. Sim, estamos casados, todos nós. E seria muito bom se o nosso lar, a Terra, pudesse abrigar uma família sadia e feliz, a Humanidade.