quinta-feira, 7 de março de 2013

TEIA AMBIENTAL - LIXO

TEIA AMBIENTAL - Lixo

Teia Ambiental Rede de Conspiradores Preservacionistas

Meus queridos leitores;
Estava pensando sobre o tema da Teia deste dia 7, e resolvi reler postagens antigas. Eis a preciosidade que encontrei, e que resolvi republicar.
Escrito em 7 de maio de 2010, chafurdei no mesmo lixo que me inspirou no passado, só que ainda maior.
A sociedade, hipnotizada pela medíocre e promíscua baixaria do Big Brother, consome qualquer lixo, desde que esteja na moda. A Globo mandou o povo comprou.
Era assim, há cerca de 3 anos atrás, e assim continua.
Que tristeza! 
 Acompanhem o texto com atenção, e me digam se estão inseridos no contexto, ou, se reagem a tudo isto com indignação.
Abraços.
Gilberto.


O LIXO NOSSO DE CADA DIA
Meus caros amigos leitores, nós humanos, e até os desumanos, estamos todos metidos numa tremenda encrenca. E o pior é que não sabemos como sair dessa arapuca em que nos metemos.
Estou a falar-vos do lixo que produzimos diariamente, e que precisa ser jogado em algum lixão distante. Mas, esse distante está tornando-se cada dia mais próximo de nós, aproximando-se perigosamente do portão da nossa casa.
A nossa sociedade consumista, e lamentavelmente perdulária, é uma peça indispensável dentro da engrenagem capitalista de crescimento ilimitado em busca de lucros cada vez maiores.
A equação “produção+consumo=lucro” só vem dando certo por contar com uma cumplicidade altamente irresponsável de governantes e governados.
Os governantes comemoram o aumento do PIB, os governados, a maior oferta de empregos. Esquecem, ou fingem esquecer, esses personagens da história, dos estragos provocados pelo lixo industrial e doméstico que se produz, para que esses arremedos de progresso possam ser atingidos.
As indústrias precisam produzir sempre mais, em larga escala, para se tornarem economicamente viáveis. Essa larga escala é a responsável pela necessidade de um consumo em eterno crescimento, de modo que os novos produtos sejam rapidamente absorvidos pelo mercado.
As empresas produtoras se valem das engenhosas técnicas de marketing de agências de publicidade para convencer a sociedade a trocar seus aparelhos usados por produtos mais modernos. Aparelhos “semi-novos” são considerados velhos e imprestáveis, e viram lixo. O lixo é despejado no lixo, e ninguém se dá conta de que o espaço destinado ao lixo vai roubando os espaços destinados a jardins, praças, escolas, centros de lazer, postos de saúde e, por fim, residências. 

De repente, as pessoas começam a perceber que o lixão é seu vizinho, que as moscas começam a visitar suas casas e os ratos a circularem livremente por suas calçadas. A saída parece ser reclamar, protestar e ficar furioso com o descaso dos serviços públicos, incapazes de manter o lixo distante de suas vidas.
Os governantes têm suas culpas, e elas são muitas, mas não são maiores do que as dos governados, que se deixam atrair pelas propagandas e trocam seus aparelhos em perfeito funcionamento por novidades, movidos por um misto de ostentação e poder. Os supermercados oferecem alimentos industrializados com embalagens atraentes, que logo serão jogadas no lixo. As butiques têm roupas e sapatos da moda, que irão substituir os da outra estação, que dentro em breve irão para o lixo.
Os governantes estimulam esses hábitos consumistas, promovendo facilidades no crédito e redução de impostos. A sociedade impelida pela vaidade se deixa convencer que é mais econômico trocar o “velho” pelo novo, descartando-se com extrema facilidade do seu patrimônio e saindo atrás das novidades propaladas pelos meios de comunicação.
As empresas alimentícias promovem seus lançamentos com vitaminas e agregados nutritivos que, pensando bem, nossos corpos não precisam consumir. O lixo se avoluma, e o povo cobra a presença do lixeiro, acreditando que jogando o lixo no lixo o seu problema foi resolvido.
As despesas crescem com tantas compras absolutamente inúteis. Mas, a verdade, meus leitores, é que eu não estou nem um pouco preocupado com as finanças dessa sociedade perdulária, afinal cada qual tem o direito de gastar quanto quiser.
A minha verdadeira preocupação é com esse lixo que é descartado e despejado a céu aberto sem nenhum constrangimento da parte dos governantes e sem a menor noção, por parte dos governados, do risco que estão correndo.
A famigerada teoria do crescimento ilimitado e a qualquer custo ambiental vem exaurindo as reservas energéticas do planeta e poluindo seus ares, rios e mares. Os centros urbanos tomados por um trânsito infernal, os locais de trabalho aquecidos e refrigerados pela energia de suas máquinas e as residências abastecidas por produtos nocivos à saúde formam esse espectro assustador da vida moderna.
A sociedade ainda não percebeu que o aparente crescimento econômico, fomentador de todo o seu conforto, tem um limite e, a cada dia que passa, o prazo vai esgotando-se e pondo em risco o futuro da humanidade.
As grandes cidades do mundo já não sabem o que fazer com o lixo produzido, e tentam transferi-lo para cidades vizinhas e de menor porte, mediante recompensas financeiras.
A questão não pode ser tratada como uma transação financeira, por se tratar de um negócio em que não há lucros, não há compensações e nem mesmo um produto de consumo. Aceitar o lixo de uma cidade rica não é um bom negócio. Produzi-lo também não.
O mundo chegou num estágio tal de produção de lixo que não há um único lugar seguro para despejá-lo. Imaginar um lugar distante para jogar o lixo é utopia, pois os locais distantes já não existem mais. Tudo ficou mais perto, junto um do outro. Longe já não existe mais.
As máquinas das fábricas não podem parar. Os lucros não devem cessar. O consumo precisa aumentar.
E o lixo, o que fazer com o lixo?
Há não muito tempo atrás, as campanhas de educação ambiental ensinavam que se devia jogar o lixo no lixo. Hoje, porém, isto não é suficiente. Não basta jogar o lixo no lixo, é preciso saber-se para onde vai o nosso lixo, o que será feito dele, o quanto se pode vir a reciclá-lo, o quanto se poderá reduzir a sua produção. E isso já não é mais um problema só do “governo”, mas de todos nós. E o seu lixo, meu leitor, onde é despejado?