domingo, 7 de outubro de 2012

TEIA AMBIENTAL - AMOR À NATUREZA, UMA QUESTÃO DE MODISMO




Meus ecológicos leitores:



Às vezes, eu me ponho a refletir sobre o desamor que as pessoas, em sua grande maioria e sem se dar conta, é verdade, dedicam à natureza. Se forem perguntadas, essas pessoas jurarão eterno amor pelas florestas, praças e jardins, mas, na prática, são capazes de pôr abaixo ou, simplesmente, solicitar a derrubada de árvores, o extermínio de plantas e de qualquer espécie nativa que atravesse o seu caminho.
Então, eu me pergunto: o que está acontecendo com a criatura humana? Por que tamanha aversão às capoeiras e bosques que se formam próximos às suas casas? Por que essa ânsia assassina de limpar o terreno, arrancando tudo que é verde, e deixando o solo a descoberto?
As podas nas cidades costumam depenar as árvores, dificultando, e muitas vezes impedindo que, muitas delas, se recuperem. As pessoas, incomodadas pelas raízes das árvores na calçada, cobram do serviço público que as arranque por representar uma ameaça aos transeuntes. Mas, num dia de sol quente, ninguém dispensa a sombra amiga que protege e ameniza o calor.
A criatura humana está, cada dia, mais egoísta, pensando somente em si, e não percebendo que existem outros interesses em jogo, quando se vive numa sociedade. Se uma árvore suja a sua calçada de folhas, exige a poda. Se ela estiver localizada quase em frente ao seu portão de garagem, o carro tem prioridade, e a solução encontrada é derrubar a árvore. Se as belas ramagens de uma frondosa árvore roçam nos fios em dias de vento, ninguém imagina passar a fiação por uma tubulação subterrânea, a solução é pôr a árvore abaixo.
As pessoas reclamam do calor, mas não conseguem associar as altas temperaturas com a ausência, cada vez maior, de vegetação nas grandes cidades. E, hoje em dia, até as pequenas cidades já vêm devastando suas matas, para dar espaços a ruas e casas.
O pior é que, nem sempre, ou quase nunca, há necessidade de sacrificar as árvores, mas, qualquer inconveniente é motivo para atitudes extremas, que botam as árvores no chão. E, quando se pergunta se gostam de plantas e jardins, é quase unânime a resposta que adoram e muito. Mas, essa adoração, quase sempre, fica restrita a flores e a umas poucas espécies de plantas decorativas.
O mato é sinônimo de sujeira, tanto que se usa o termo limpeza para definir o ato de arrancar o mato e deixar o solo pelado. Não se consegue associar os desbarrancamentos e transbordos de rios a essas ações absurdas de retirar toda a vegetação e permitir que a água da chuva carregue rua abaixo toda a lama que se forma no solo barrento e descoberto.
Confesso-te, minha amiga leitora, que a decepção pode chegar ás raias do mais profundo desalento, neste convívio com pessoas que dizem amar a natureza, e que traduzem todo o seu imenso amor, no cultivo de uma meia dúzia de vasinhos de flores na varanda.
As cidades, devido a essa prática urbana de erradicar o verde das ruas e praças, estão, a cada dia, mais feias e quentes. O povo reclama do calor, mas, esquece que é ele o maior responsável pela ausência de uma vegetação adequada que amenize o clima, e que faça da sua cidade um lugar que ofereça uma qualidade de vida digna de se morar.
Os órgãos das prefeituras responsáveis pelo meio-ambiente recebem por mês dezenas de pedidos de derrubada de árvores, por razões diversas, desde o risco de cair sobre um telhado até o de atrair pássaros que sujam a calçada. Os motivos alegados chegam a ser ridículos, obrigando os funcionários desses setores a se tornar verdadeiros guardiões da natureza, bem mais do que responsáveis pela manutenção da flora urbana.
Os jardins considerados bonitos são os que só possuem flores, e muitos deles nem plantam essas flores no solo, elas já vêm da floricultura em vasos, que são pousados na terra, como peças decorativas. Isto não configura o amor à natureza, e nem mesmo um gosto por plantas, mas, uma simples e fria atitude de fazer das flores meros objetos de decoração.
Então, fica a pergunta: o que fazer para tornar o clima de uma região ameno e agradável aos seus habitantes? Como estimular o surgimento de fontes de água a brotar da terra e a refrescar o solo e o ar?  
A triste realidade é que quem diz amar a natureza, em sua grande maioria, nem ama e nem sabe bem o que seja a natureza. Amar não pode ser nunca relacionado a destruir. Quem ama não derruba, quem valoriza não arranca. Afinal, que amor é esse?




6 comentários:

  1. Olá, Gilberto
    Que maravilha de post!!
    Bem de acordo com o espírito com que brindei o meu coração neste último mês...
    Vou falar da natureza nos próximos post pois trouxe uma bagagem enorme da Região Norte do Brasil e da fronteira Boliviana...
    Que amor é esse???
    Terminou muito bem!!!
    Tudo que vi por lá, demonstra bem que tipo de amor pode estar em nosso coração...

    "Seja na grama molhada pelo orvalho
    O lugar não importa
    Estou a tua espera".
    (Selma)

    Fiquemos firmes na Teia, cultivando-a em nós, em primeiro lugar!!!
    Abraços fraternos esverdeados

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  2. Minha querida Orvalho:
    A natureza está em todos nós e em qualquer lugar do planeta.
    Quem despreza a natureza, desconhece o que é amar a Deus.
    A natureza é a presença física mais convincente da existência divina. Quem não reconhece Deus em cada espécie da natureza, não conhece Deus.
    Estamos juntos no amor a Deus e à Natureza.
    Abraços ecológicos.
    Gilberto.

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  3. Seja num pardal,do qual as pessoas não dão
    importância,ou em alguma plantinha singela!
    Todos são de um grande valor!
    BASTA CADA UM DE NÓS DESCOBRIR...ABRAÇOS.

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  4. É isso mesmo, minha amiga Andréa!
    Um abraço.
    Gilberto.

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  5. Meu caro Mestre, não imagina o quanto as suas palavras refletem o que está a acontecer na pequena cidade onde moro. É incrível o que estão a fazer por aqui, não tanto às árvores grandes, mas a vários arbustos, plantas e árvores de pequeno porte: têm cortado de tal maneira que muitas vezes deixam apenas uns quantos troncos com meia dúzia de folhas. Não consigo entender. Esta era uma cidade com imensos espaços verdes, e agora está a tornar-se uma cidade com muitos espaços castanhos (marron?) e pouco verde, já que estão a devastar grande parte da vegetação. É curioso que ainda ontem tirei umas fotos aqui perto de minha casa, porque esse é um problema que me preocupa, bem como a outros moradores, vamos até apresentar uma reclamação na junta de freguesia (prefeitura). Sei de uma pessoa que costuma assistir às reuniões mensais, já falou lá no assunto, mas ele foi desvalorizado. Disseram que se trata de limpeza (também acho incrível usarem esse termo!)e desmatação!?!? Então agora decidimos fotografar as pequenas árvores e arbustos mutilados para apresentar lá, vamos ver a resposta que temos. Só gostava de entender o porquê de semelhantes atitudes, é que não dá mesmo para entender!
    Um abraço.

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  6. Minha querida Cláudia:
    Dizia um famoso ambientalista brasileiro que isso é o medo ancestral das florestas, que, até hoje, ainda sobrevive no homem da cidade.
    Ele trata as árvores, arbustos e tudo que é verde como inimigos, e sonha em substituí-los por asfalto e concreto.
    Essa raça está prestes a ser substituída por uma outra mais evoluída. As crianças que vêm nascendo vão mudar a face da Terra nos próximos cem anos. Mas, por enquanto, vamos fazendo a nossa parte.
    Um abraço.
    Gilberto.

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