domingo, 27 de junho de 2010

A PARTILHA


Com esta postagem, estou participando da blogagem coletiva do Blog da Orvalho do Céu, cujo tema é PartilhaxEspiritualidade.
Anotem o link : www.espiritual-idade.blogspot.com

A PARTILHA

Meus fiéis e assíduos leitores, falo-vos de partilha, como uma equânime divisão de direitos, valores ou poderes. O real e perfeito conceito do termo não configura somente a divisão justa e solidária, porém prefiro conceituá-la assim, por inseri-la numa abordagem espiritual. Uma partilha injusta e desonesta não me serviria para dar consistência a argumentos de cunho espiritual.

A partilha a que me refiro é aquela que um sábio mestre usava, em plena Idade Média, para saciar a condenável gula dos seus frades glutões, num convento na Saxônia. Se houvesse uma única fatia de uma cobiçada guloseima disputada por dois deles, o mestre entregava a um a tarefa de fazer a divisão e ao outro o direito de escolher o primeiro pedaço.

Em nossas vidas, partilham-se heranças, poderes, direitos e deveres. Se formos irmãos fraternos, amigos leais e casais afins, as partilhas deverão seguir rituais semelhantes, não por desconfianças, mas por atos espontâneos de quem preserva o direito de justiça.

Quantos irmãos rompem seus laços afetivos, com pendências judiciais, por conta da partilha de uma herança! Quantos casais se ofendem e se magoam, no ato de um divórcio, por conta da partilha do direito sobre os bens patrimoniais e a guarda dos filhos!

A partilha do uso do poder, porém, talvez transcenda com mais facilidade todo o bom senso que se possa esperar de seres espiritualizados, quando está em discussão ascendências de uns sobre os outros.

Lembro-vos, agora, aquela passagem em que os apóstolos discutiam entre si. Jesus, o Cristo, deles se aproximou e perguntou-lhes a razão da discussão. Eles divergiam sobre qual deles seria o maior dentre todos. O Mestre deu-lhes a solução, ensinando-lhes que sempre o maior é aquele que serve os demais.

A partilha do poder se consagra quando se dá ao que serve a condição de ser o maior e mais poderoso do grupo. A partilha do amor não é feita de outra forma, e segue o mesmo princípio, mais ama quem mais está pronto a se sacrificar pelo outro. A partilha de uma herança, quando os herdeiros estão em litígio, proporcionará a maior riqueza àquele que se dispuser a abrir mão de uma parcela dos seus direitos, a favor da harmonia entre as partes em conflito.

Harmonizar uma partilha é saber compartilhar, ocupando-se dos interesses de cada um, e não somente dos seus próprios interesses. A partilha da vida é a própria vida, pois na morte cessa o ato de partilhar.

Aquele que não partilhar a sua vida com os demais, dividindo seus espaços, redistribuindo poderes e repensando sentimentos não é uma criatura espiritualizada. Pode ser religiosa, e até muito devota, mas se lhe falta o amor partilhado, ela carece de espiritualidade.

A partilha é fácil de ser cobrada, mas difícil de ser praticada. Se alguém detém o poder, não quer compartilhá-lo com ninguém. As riquezas são nossas e só nossas. O meu amor é o maior do mundo, os outros é que não sabem amar.

Esses sentimentos egoístas e pretensiosos impedem as partilhas justas, das quais vos falei meus ilustres leitores, logo no início, em minhas primeiras palavras. Quem está disposto a abrir mão do poder, da riqueza e do seu direito de posse sobre a pessoa amada? Quem divide aquilo que já é seu de direito? Quem está pronto a partilhar algo que poderia ser somente seu para sempre?

Ah, meus ingênuos leitores, quantos de vós haveis de já ter-vos julgados bondosos e amorosos, sem receber o correspondente reconhecimento! Quantos de vós acreditais que sedes fiéis seguidores das doutrinas dos cristos que por aqui passaram!

Tolos, somos todos nós que pensamos como deuses e agimos como humanos. Pobres de espírito somos todos nós quando brigamos por direitos que só nos afastam da legítima e amorosa partilha.

Deixo-vos, a todos vós, refletindo a vossa predisposição de partilhar. Deixo-vos, analisando o que, até hoje, cobrastes e o que destes graciosamente, ainda que não tivésseis nenhuma obrigação de fazê-lo. Deixo-vos com vossa consciência que é a única a poder ajuizar essa nossa causa, sem que venhais a precisar defender seus atos ou pensamentos.

A partilha foi feita. A mim coube levar-vos a repensar a fé. A vós, a reflexão e a ação.


10 comentários:

  1. Gilberto,
    Já vi briga por alguns tipos de partilha aqui descritos por você.
    Acredito que dessa vida só levamos o conhecimento e o aspecto moral.
    Gosto muito da música Epitáfio, dos Titãs, que fala "devia ter me importado menos, com problemas pequenos..."
    Um abraço.

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  2. Ah, Gina, se as pessoas se dessem conta do tempo que perdem com essas coisinhas miúdas, implicâncias tolas e rivalidades a troco de nada o mundo seria mais feliz.
    Um dia, iremos trocar a quantidade de vida pela qualidade, o poder autoritário pela liderança amorosa e as riquezas materiais pela fortuna espiritual. Enquanto, esse tempo não chega vamos tendo de compartilhar os nossos ideais com essas situações desagradáveis que, a todo momento, temos de ajudar a apartar.
    Se esta é a nossa missão que assim seja, não é mesmo?
    Um abraço.
    Gilberto.

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  3. Dividir é difícil, pois o "medo da perda" é muito grande na humanidade, não é mesmo, meu sábio numerólogo ?

    - "Como vou dar para os outros, se pode me fazer falta amanhã ?"
    - "Se eu não me preocupar comigo, quem vai se preocupar ?"

    Lembrei de um menininho que quando ganhava uma caixa de Bis, saía distribuindo, mas se só tinha 2 chocolatinhos, não dividia com ninguém !
    Acho que o fato de distribuir o pouco, como a famosa viúva da Bíblia, tem muito mais valor, mas também merece admiração quem divide o muito, você não acha ?
    Afinal, alguns não partilham nada...

    Beijo

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  4. Minha querida quetionadora Flora:
    Acho que tem toda a razão com as suas observações. Uma pequena ou uma grande partilha não pode ser medida pela alma humana, logo o melhor é fazer o que for possível, e aguardar os resultados.
    Acho que suas formas de partilhar o que tem são muito positivas e estão bem acima da média. Mas, como vc diz, esta é a minha opinião.
    Beijos, minha querida.
    Gilberto.

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  5. Oi, anjo de Deus
    Hoje desejo a vc este Amor incomensurável que ELE nos concede, gratuitamete, sem que mereçamos...
    Tanto mais espirituais... tanto mais nos aproximamos e somos mais generosos com os outros...
    Com o firme propósito de seguirmos nesta Corrente de Bem e de Amor, agradeço sua postagem em nossa BLOGAGEM COLETIVA ESPIRITUAL ECUMÊNICA...
    A alegria que sinto é verdadeira e brota da fidelidade cotidiana a Deus e da docilidade e adesão à sua Vontade.
    Com gratidão e entusiasmo sempre renovado,receba meu abraço fraterno.
    Que a maturidade dos nossos sonhos... a lembrança sorridente da nossa infância ida... o brilho das estrelas... a claridade da nova tarde que vem a cada dia... e o ORVALHO DO CÉU que umedece a relva lhe saja um dos motivos para alegrar-se muito nesta semana!
    Bj grande, amigo

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  6. Grato por suas palavras, Orvalho.
    Beijo, amiga.
    Gilberto.

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  7. Vim partilhar a alegria de mais um dia!
    Bom dia!

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  8. Que boa a sua visita e a sua partilha, Zininha!
    Agradeço muito por ela.
    Abraços.
    Gilberto.

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  9. Mestre , Acho que tenho que partilhar mais me sacrificar pelos outros , alias tenho o 9 na missão o "humanitário"(se é que se pode dizer assim) o que se sacrifica pelo o próximo , o que ensina o próximo a sabedoria divina o desapego material e ao qualquer tipo de consumismo.

    "Pobres de espírito somos todos nós quando brigamos por direitos que só nos afastam da legítima e amorosa partilha." - Direitos , Direitos e mais Direitos , ninguém percebe que esses "Direitos"(que de nada há semelhança) leva a cada vez mais a obsessão ao individualismo ganancioso de cada um e isso cada vez mais diminui as chances de um "amor verdadeiro" onde este só se realiza com a união de todos sem "Direitos" nem preceitos num bem comum.

    Abraços...
    JFabricio

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  10. Acho que o que está faltando mesmo, Fabrício, é passar da teoria para a prática.
    Percebo que a sua teoria é boa, mas, pelo que diz, ela não consegue transformar-se em atitude.
    E se não houver atitude, a missão não poderá ser cumprida.
    Abraços.
    Gilberto.

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