terça-feira, 19 de janeiro de 2010

As esquisitices de quem nasce num dia 7

Meus queridos leitores, eu não resisiti a reprisar este texto que foi originalmente postado em setembro de 2008. E se o faço é pelo interesse que ele desperta até hoje. Portanto, quem não leu, leia e não deixe de comentar. Quem já leu, releia, e tente lembrar-se de alguém que conheça e que nasceu num dia 7, para fazer as devidas comparações. Então, vamos lá.

As esquisitices de quem nasce num dia 7

Esta é uma paisagem que cativa e penetra na alma dos que cultivam os talentos do nº 7.
A neblina induz ao mistério e a floresta convida para uma incursão ao desconhecido.
Introspectivo e silencioso, ele é o caminhante peregrino, que segue sozinho, lentamente, sem se dar c
onta de onde veio e para onde vai.
A beleza para ele não está na forma com que se defronta, mas com a essência que se mantém fora da sua visão física, e nem por isso distante do campo visual da sua alma.
Ele julga a todos por um padrão rígido e muito elevado, do qual poucos escapam ilesos, condenados pelos mais simples e ingênuos deslizes. E, quase sempre, é ele mesmo o primeiro a sofrer co
m esse rigor, não se perdoando por suas falhas e desvios, que não são desculpáveis, segundo suas auto-críticas.
Calada e pensativa, a moça que nasce num dia 7 fica meditando e projetando seus pensamentos no céu, imaginando o que existe além do horizonte.
Ela e todos que comemoram o aniversário nesse dia precisam encontrar respostas para seus questionamentos e não aceitam verdades sem antes pesquisarem todas as possibilidades. Essas criaturas introspectivas e pensadoras vivem em busca das imagens perfeitas que se desenham em suas mentes, as quais insistem em definir e materializar.
Elas parecem tristes e desligadas do mundo ao seu redor, mas enganam-se aqueles que pensam que essas pessoas não ligam para nada e só se preocupam com assuntos esquisitos, coisas que ninguém entende bem para que servem e que importância têm.

Os nascidos num dia 7 possuem talentos extraordinários no campo mental e espiritual, e são capazes de pô-los em prática de uma forma tão estranha que serão considerados por muitos como visionários, loucos ou feiticeiros. E, talvez, até sejam mesmo um pouco de cada, quando se mostram distantes e alheios a tudo que o mundo moderno tanto valoriza. Bem aventurados loucos, que valorizam o que os outros desprezam, e fazem pouco caso das riquezas perseguidas e ambicionadas pelos lúcidos gananciosos.
Nascer num dia 7 é dispor de poderes psíquicos e mediúnicos, é advinhar as coisas que estão por vir, é perseguir a solução perfeita para todas as causas imperfeitas, é negar o óbvio e crer no insólito, no inexplicável e no improvável.

Com o olhar fixo num mundo que ninguém vê, ele consulta a sua bola de cristal, que é a projeção na matéria da sua mente que tudo vê e que para tudo tem resposta e explicação.
Essas pessoas não aceitam os erros, nem os remendos, para elas tudo deve ser correto e perfeito, nem mais, nem menos. Elas acreditam em coisas que não podem ser comprovadas fisicamente, e que para muitos são loucuras e esquisitices. Mas, quem foi que disse que esses talentosos setenários se preocupam com o que os outros pensam ou deixam de pensar.
Eles se põem a caminho da verdade, como peregrinos crédulos e visionários, à procura das suas origens e dos seus destinos sagrados.
O convívio com esses talentosos e poderosos magos não é uma tarefa simples, já que eles não enxergam o mundo com a ótica predominante, pois têm sempre uma versão profunda e instigante para cada fato, por mais simples e corriqueiro.
Eles não são, em sua maioria, religiosos e devotos, mas possuem uma forte crença no poder espiritual de suas mentes, que utilizam para realizar curas e materializ
ar desejos.
O casamento não é uma aptidão dos que chegaram ao mundo num dia 7, mas, muitos deles, se dão muito bem em suas vidas de casado, quando encontram parceiros que entendem e respeitam os seus momentos de contemplação e solidão. Nesses momentos, o que eles mais precisam é de silêncio e compreensão, enquanto mergulham dentro de si mesmos e se deleitam com o prazer de comungar com o seu aspecto divino, que com eles conversa e ouv
e suas confissões.
A natureza é uma eterna e amorosa amante desses que são influenciados pelo nº 7, e recebe como retribuição dos seus encantos, uma adoração absoluta e uma incontida e irrefreável defesa e proteção. Eles são reconhecidos por sua condição de ambientalistas e confirmam essa lenda agindo em defesa das florestas, rios e espécies animais, sendo capazes de ir a extremos para impedir a derrubada de uma árvore ou a caça a um animal silv
estre.
Estranhos, muito estranhos, esses filhos do dia 7. Pensam mais do que falam, e agem fora dos padrões, como se não fossem deste mundo. Entendê-los é um desafio, satisfazê-los, quase impossível, admirá-los, uma questão de bom senso.
Intelectuais, místicos, proféticos, perfeccionistas, solitários, sábios e espiritualizados, eles não nasceram para serem compreendidos e rotulados. O mundo deles está muito distante de tudo que rola à nossa volta, pois vivem ensimesmados, vendo o que ninguém vê, ouvindo vozes dentro da mente e falando um idioma estranho, muito estranho mesmo.

Ame-os ou deixe-os, mas nunca tente mudá-los, pois eles sabem muito bem o que querem.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O esoterismo da Numerologia da Alma






A estrela de 6 pontas é formada por 2 triângulos, um voltado para baixo e outro para cima. O triângulo que está voltado para baixo representa as 3 virtudes de mestre, conquistadas em vidas passadas e que se manifestam nesta vida, para auxiliar a alma no seu processo de evolução.
O triângulo que se volta para cima simboliza a tríade encarnada, como alma,
personalidade e missão, responsável por essa evolução.
A estrela constituída por esses 2 triângulos é a síntese do divino manifestado na matéria, onde se faz presente a criatura humana, representada pelo quadrado, no qual se concentram todas as experiências e desafios a serem vivenciados ao longo da vida.
O Espírito se manifesta através da alma que, a cada encarnação, vem em busca de
evolução. A alma se manifesta através da personalidade, que busca cumprir a missão. A missão é o ideal de evolução manifestado pela alma, e que precisa ser materializado pela personalidade.
O Espírito é o Pai, o Deus Solar, o ZERO que se auto-manifestou no 1.
Ele é o Fogo que gerou a alma, a centelha de vida, pela união mística Pai-Mãe. É dessa união que surge o Filho, a personalidade encarnada, que deverá cumprir a missão, pois só assim se dará a transferência de todas as suas experiências para a alma em evolução. O Divino se manifesta no Humano, para que este atinja a iluminação através do Espírito Santo.
A tríade, voltada para cima, com a sua base assentada no quadrado, é a nave do templo, enquanto o quadrado é a cripta do templo. Na base da nave está a missão e no teto da cripta, o caminho de origem. É dessa união que surgirá o número poderoso, uma energia presente desde o início da vida, e que vai intensificando-se, até atingir o auge do poder no último ciclo, quando se dá o grande salto evolutivo, em direção à vida seguinte.
Ninguém retorna ao Pai, senão através do Filho, que se manifesta pelo Espírito Santo. Nenhuma alma evolui, senão através da personalidade, que se manifesta através da missão.
A missão é a base da tríade divina, em seu processo de ascensão, é o divisor natural entre os registros kármicos, relacionados ao passado, e os resgates kármicos, pro
jetados para o futuro.
O quadrado, a cripta do templo, se prende à matéria e a tudo que se relaciona com a luta da personalidade para evoluir espiritualmente, vencendo os karmas e cumprindo a missão.
O limite entre o quadrado, a cripta, e o triângulo, a nave do templo, é uma linha tênu
e entre o mundo material e o espiritual, onde se concentra o presente, pressionado entre o passado e o futuro.
É no presente, através da missão, que se dá o salto evolutivo, entre o passado e o futuro, quando alma e personalidade terão de comungar dos mesmos ideais para que, juntas, refaçam o caminho de volta ao Pai.
O Cristo, a encarnação do divino na matéria, sempre repetirá as mesmas afirmações : "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", e ninguém alcançará o Pai, senão através Dele, o Filho. Ninguém alcançará essa graça, a não ser pela perfeita fusão do Filho com o Espírito Santo, da personalidade com a missão.
Os 7 números planetários limitam a tríade assentada sobre o quadrado, enquanto o 8 e o 9, os números de transição entre a Matéria e o Espírito, entre a Terra e os Céus, entre o Planeta e o Cosmos, estão inseridos no interior das formas, como energias transformadoras.
Os 4 primeiros números, cuja soma dá 10, que reduzido dá 1, simbolizam o retorno ao Pai, no cume do triângulo, com suas faces limitando a tríade, a forma divina, enquanto os números 5, 6, 7 e 8 limitam o quadrado, a forma humana.
O número 5 é o movimento de expansão no Plano Físico-Emocional, responsável pelo crescimento horizontal da alma, no espaço tridimensional. O número 6 é a base do quadrado, a sustentação da humanidade, feita através da família e do amor pessoal. O número 7 é o processo de expansão no Plano Mental-Espiritual, responsável pelo crescimento ver
tical, no espaço quadridimensional, rompendo todas as barreiras da matéria, a caminho do Espírito.
O número 8, dentro do quadrado, é o grande impulsor do crescimento em direção ao ilimitado, daí porque o infinito é simbolizado pelo 8 deitado. Ele é o fator propulsor da evolução no plano físico, mediante o estímulo da ambição e da eterna busca por novas conquistas, até atingir um nível de consciência superior, que irá transmutar a busca de riquezas materiais pela mística jornada em busca de tesouros espirituais. É por esse motivo que o número 8 se manifesta tanto no centro do quadrado como na cúpula da cripta, refletindo a expansão da matéria e o seu reflexo para cima, antes de romper o plano físico e penetrar no mundo espiritual.
O número 9, no interior da tríade, é o definitivoo impulso que conduz a Matéria ao Espírito, a Humanidade à Divindade, refletindo-se acima, não mais como 9, mas como 1, simbolizando a missão cumprida, com a superação de todos os karmas.
Os 4 karmas começam a ser resgatados através do amor e da família, tendo início com o karma 14, num movimento sobre a base do quadrado, onde está o número 6, seguindo em direção ao 8, num movimento de libertação que é representado pelo número 5, postado na lateral direita do quadrado.
Os dois números 8, o original e o seu reflexo, são os responsáveis pelo deslocamento do karma 16, para frente e para o alto, contando com a influência mística e transmutadora do número 7, pela sua influência na lateral esquerda do quadrado.
O karma 13 já se apresenta no interior da tríade, entre os números 4 e 9, numa jornada de transformação, onde vida e morte se confundem na presença da personalidade e da alma.
O karma 19 é o salto definitivo da personalidade em direção à "remissão dos pecados", ao resgate dos karmas, à redenção da alma, numa espécie de Juízo Final.
Os números mestres 11, 22 e 33 são os responsáveis por trazerem o sagrado ao profano, fazendo com que os antigos mestres reencarnem para o reencontro com seus discípulos, facilitando a realização da missão, pelas conquistas espirituais herdadas de outras vidas.
Assim se dá a jornada mística de evolução da alma, segundo os estudos herméticos da Numerologia da Alma, cujos códigos estão contidos no Templo Sagrado da Tradição Secreta, desde os tempos de Pitágoras. Os mistérios serão sempre decifrados por aqueles que tiverem a percepção intuitiva para ler os sinais sagrados, jamais pelo uso da lógica e da razão.
Mistérios devem ser decifrados, mas os segredos, não. Os mistérios, após serem decifrados, deverão ser revelados, mas, os segredos, após serem entendidos, deverão ser guardados e empregados para ajudar a humanidade no seu processo de evolução.
Assim foi escrito, mas nem todos serão capazes de ler e entender os mistérios.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Economia x Ecologia : o jogo do futuro

SEGUNDO TEMPO : o número 7 contra-ataca

Durante todo o primeiro tempo desse jogo, o número 8 controlou as ações e domi
nou o jogo.
Agora, estamos jogando o segundo tempo, e a reação do número 7 pode ser observada e sentida por todos os participantes e assistentes.

O poder de ataque do número 8 começou a fraquejar com a constatação de que todas as riquezas têm as suas origens nos recursos naturais e na energia extraída desses recursos. E à medida que esses recursos se tornam mais escassos, as matérias-primas e a energia elétrica têm de ser extraídas de reservas que já se encontram por demais exauridas e cada vez mais inacessíveis, o que exige um volume crescente de capital para os processos de exploração.
A redução dos recursos naturais acarreta uma natural ascensão dos preços desses recursos e da energia indispensável à produção industrial, dando origem a uma das
principais fontes geradoras do processo inflacionário.
Como a economia moderna depende de um volume excessivo de energia e de recursos naturais, por ser uma economia de capital intensivo, o custo dessa política econômica está tornando-se cada dia mais oneroso e inflacionário.
À medida que os recursos naturais escasseiam, em decorrência dos processos
de extração e exploração não-renováveis, o próprio capital vai tornando-se escasso. Mas, mesmo assim, a economia mundial tem insistido na substituição do trabalho pelo capital. E, com isso, o dinheiro se torna mais caro, enquanto cresce o desemprego.
Os governos, influenciados pelos poderosos detentores do capital, prosseguem incentivando os grandes investimentos, numa pretensa política de geração de novos empregos. Na prática, no entanto, o que se observa é o exagerado crescimento dos lucros das megas empresas, apoiadas em modernas tecnologias, que dispensam, cada vez mais, o emprego da mão de obra. A solução para o desemprego acaba por se tornar a realimentadora do processo que promove a constante e lamentável dispensa do uso de mão de obra.
Acontece que, a longo do prazo, a economia de capital intensivo, por empregar intensivamente os recursos naturais e a energia extraída da natureza, acaba por se tornar altamente inflacionária, e contribuindo para as crises econômicas que afetam drásticamente o mercado de trabalho.
Os economistas, porém, insistem em conceitos absolutamente ultra
passados, em que o excessivo emprego do capital, em detrimento da maior utilização da mão de obra, provoca esses viciados efeitos inflacionários, deixando o mercado de trabalho sob constantes ameaças.
A dependência exagerada do capital, da energia e dos recursos naturais seria a causa mais visível da inflação, e deveria ser considerada a variável ecológica da inflação. Uma segunda causa, tão séria quanto a primeira, ficaria por conta dos custos sociais, em decorrência do obsessivo e utópico crescimento econômico ilimitado, que seria a variável social da inflação.
Na tentativa de maximizar seus lucros e atingir sempre maiores níveis
de progresso, as pessoas, as empresas e as instituições públicas procuram excluir de suas contas, os custos sociais e ambientais.
O mais comum é não assumir esses custos, e empurrá-los para os outros, transferindo-os para as contas públicas, para o meio-ambiente e para as gerações futuras. Com isso, os orçamentos públicos estão sempre ocupados com investimentos em áreas que
buscam corrigir as distorções sócio-econômicas, e que em nada contribuem para a produção em si, e que só servem para gerar mais inflação.
Avolumam-se os custos para se consertar todo o estrago que o sistema provoca com suas ações dissociadas das cautelas ambientais e sociais. Os volumes absurdos de dinheiro disponib
ilizados para cuidar das vítimas desses descasos ambientais e sociais são custos sociais altamente inflacionários. A necessidade de prestar assistência aos desempregados, que foram substituídos pelas máquinas, financiadas pelos órgãos estatais de desenvolvimento industrial, é outro fator inflacionário patrocinado pelo próprio Estado. E ainda temos de somar a tudo isso, os desastres ambientais, provocados pelas ocupações desordenadas dos centros urbanos, por diques ou represas que transbordam, por rios que invadem as cidades mal planejadas, destruindo casas e matando inocentes, e a seca nos campos, onde antes existiam florestas e rios cristalinos.
Contabilizando todos esses custos, chegaremos a uma triste conclusão, que se gasta mais tempo e dinheiro para consertar o que se estragou do que para produzir bens e serviços úteis.
As crises econômicas vão muito além de tudo isso, por envolver
em interesses de empresas e governos, misturando política e investimentos altamente lucrativos. Os prejuízos dessas empresas estão, quase sempre, comprometidos com projetos governamentais, nos quais os Governos acabam por ter de injetar dinheiro do povo para cobrir prejuízos fraudulentos dessas empresas, com a desculpa de evitar-se um colapso econômico, inflacionário e prejudicial ao mercado de trabalho.
Muitos alegam que não tem jeito, não há como mudar. Só não se muda, se não se quiser mudar.
A solução não é simples, por envolver mudanças de hábitos, costumes e sistemas. A economia teria de ser descentralizada, como, por exemplo, com o fim de uma moeda única de troca, como acontece com o comércio em dólar. As tecnologias desenvolvidas não mais poderão ser agressivas ao meio-ambiente, nem a exploração dos recursos e da energia poderão continuar a se basear na falsa premissa de crescimento industrial ilimitado. A meta seria encontrar o equilíbrio ideal para se lidar com o capital, a mão de obra, os recursos energéticos e naturais e a pr
eservação de áreas verdes e mananciais de água potável.
Os índices econômicos, para se medir o progresso de uma nação,
teriam de se ajustar a essas novas realidades, levando-se mais em conta o desenvolvimento sustentável, com o uso de energias alternativas limpas, e a ocupação da mão de obra como fator tão importante quanto o capital investido.
O país que melhor utilizasse a tecnologia moderna, sem a dispensa ou redução da mão de obra, adotando um meio-termo ideal, seria visto como o mais progressista para o seu povo, em função de uma melhor qualidade de vida, ainda que se confrontasse com os atuais e tradici
onais índices econômicos.
Dentro desse mesmo critério, seria valorizado o país que adotasse uma legislação preservacionista, zelando por suas florestas, cuidando dos seus mananciais e redistribuindo a sua população entre o campo e a cidade.
Essa tese que pode parecer utopia, na visão ambiciosa dos banqueiros e dos dirigentes das grandes multinacionais, tem a seu favor os relatórios científicos que previnem sobre os sérios desastres ambientais que se prenunciam, diante das atividades devastadoras do homem contra os recursos naturais do planeta.
A única solução virá da inter-relação do sistema econômico com os conceitos ecológicos, numa abordagem sistêmica em que tudo está relacionado, no que o F
ísico Fritjof Capra denomina de teia da vida.
Dentro desses mesmo princípio, o ideal seria que os nossos economistas passassem a enxergar a economia como parte de um sistema vivo, constituído de seres humanos e instituições sociais, em constantes interações com os ecossistemas ao seu redor.
As relações de causa e efeito, lineares e newtonianas, usadas no passado, teriam de ser abandonadas. Os conceitos de progresso ilimitado e desenvolvimento a
todo custo deveriam ser definitivamente desconsiderados.
A teoria dos sistemas, defendida pela física quântica moderna, afirma que as estratégias bem sucedidas num determinado estágio podem tornar-se totalmente inadequadas, numa outra situação.
Essa dinâmica não-linear traz à discussão a questão da reciclagem e do reaproveitamento de tudo que antes era considerado lixo, e jogado fora, despejado em "outro lugar", longe da nossa casa, da nossa loja, da nossa indústria e da nossa cidade ou país. Acontece que, dentro da concepção sistêmica, o que existe é a biosfera global, interligand
o todos e tudo. E, dessa forma, um "outro lugar" não existe.
Sob o aspecto econômico, a visão sistêmica nos ensina que não existe o lucro fortuito, ou ele sai do bolso de alguém, ou é obtido às custas do meio-ambiente ou será transferido para as gerações futuras.
E esses conceitos acabam com o sonho do lucro crescente e ilimitado, que é a grande ilusão dos sistemas lineares, ainda adotados pelos economistas. As flutuações econômicas seguem princípios não-lineares, de processos cíclicos contínuos de ascensão, apogeu e queda. Pessoas, métodos, atividades e, inclusive, empresas nascem e morrem, para renascerem
mais adiante com novos conhecimentos e experiências, adquiridos nos ciclos anteriores.

O desprezo pelo trabalho mais simples e mais duro tornou-se um consenso, uma verdade óbvia que não merece discussão ou reflexão. No início da Revolução Industrial, atraía-se essa mão de obra não especializada com promessas de bons salários, benefícios sociais e progresso profissional. Com o passar do tempo e com o surgimento das novas tecnologias, o capital foi tomando conta da situação e ocupando espaços que, antes, pertenciam exclusivamente ao trabalhador. Até que chegamos nesta encruzilhada entre o progresso e a própria sobrevivência.
Estamos vivendo, porém, o limiar de uma grande revolução nos paradigmas de progresso, que envolverão mudanças em métodos produtivos e em hábitos de consumo, para a superação da futura escassez dos recursos fornecidos pela natureza.
A base dessa revolução é a constatação de que esses recursos naturais nem são ilimitados, nem são gratuitos. O ar que se respira, a água que mata a nossa sede e a terra que nos fornece os alimentos estão exigindo investimentos cada vez maiores, para continuar ofertando o que, antes, julgava-se ser de graça.
Tudo começou a ficar mais caro, quando a mão de obra foi desprezada e substituída pelo capital, e o trabalho deu lugar à especulação financeira. Ninguém mais quer trabalhar, mas só viver de renda. Mas, quem produzirá o que se precisa consumir ?
A realidade, que todos terão de aceitar, é que ou o homem muda a sua relação com a natureza, ou a natureza mudará a sua relação com a humanidade. A humanidade está em débito com o planeta, por ter sacado a descoberto, um volume de riquezas que, a curto prazo, não tem como pagar.
Essa dívida está sendo cobrada de um modo mais intenso, nesses últimos tempos. E como os bons economistas sabem muito bem, quem não paga as dívidas, perde o crédito. A humanidade está sem crédito, e para recuperá-lo terá de trabalhar muito, e isso demandará tempo.
Economia sem ecologia não terá mais sentido num futuro muito próximo.

O número 7 reagiu no segundo tempo, fez belos contra-ataques, mas o jogo ainda não terminou.
O vencedor não poderá ser nem um, nem outro, mas a humanidade como um todo. O progresso econômico terá de ser ecológico. A ecologia terá de ser econômica. Não se pode destruir a natureza, para justificar crescimento e progresso. E nem se pode abrir mão da ciência e da tecnologia moderna, para se retornar à idade da pedra.

Ainda tem jogo, ainda falta tempo para o jogo terminar.
Nós vamos vencer !

Nota do autor : Os dados e muitas das informações utilizados neste texto foram extraídos do livro Sabedoria Incomum, de Fritjof Capra, e fazem parte da sua entrevista com a escritora e estudiosa da economia internacional Hazel Henderson.




domingo, 3 de janeiro de 2010

Economia x Ecologia - o jogo do futuro





PRIMEIRO TEMPO : o domínio do número 8

A Alma do Mundo padece com a
miséria e as injustiças da sociedade moderna.
Nem mesmo os ricos estão a salvo dos sofrimentos de viverem num planet
a que está sendo tomado pela pobreza humana e pela degradação ambiental, e pelas quais são eles os grandes responsáveis, direta ou indiretamente, por conivência ou omissão.
Os pobres sofrem, por carência material ou por ignorância sócio-cultural, mas os ricos não são menos sofredores, ainda que muitos não pensem assim.
O universo não admite separatividade e, quando isso acontece, passam a ser ativadas energias e movimentos sistêmicos que procuram reequilibrar as forças vitais. A vida é o único sentido que faz movimentar esse infinito universo. Organismos vivos e sistemas vivos são as únicas abordagens plausíveis, quando tratamos da preservação da espécie humana
. E essas abordagens não poderão jamais excluir os paradigmas ecológicos, de onde são extraídas as energias vitais.
Qualquer atividade humana que possa ferir a natureza humana e a natureza ambiental será vista como uma doença ameaçadora ao organismo da humanidade, e será combatida de todas as formas, até ser aniquilada e erradicada do planeta.
Por isso, queira o homem, ou não, a economia terá de aderir às abordagens ecológicas para que o jogo do futuro seja vencido pela humanidade. As atividades econômicas, nas próximas décadas, terão de se adequar aos processos cíclicos da natureza e aos sistemas de valores da cultura dos povos, para os quais sejam aplicadas. E não há outra alternativa, é mudar ou mudar.
Esse conceito sistêmico é comprovado pela ciência quântica que já demonstrou que não existem mundos separados, tudo precisa interagir de modo consistente e h
armônico. O nosso planeta tem de interagir com os demais planetas do nosso Sistema Solar, assim como a minha família precisa interagir com as famílias vizinhas. O nosso país tem de interagir com as nações do mundo inteiro de modo equilibrado e harmônico, assim como o homem com as árvores das florestas e com as águas dos rios e mares.
Diz-nos a física quântica que, se este sistema é rompido e fragmentado, ocorrem diversas ações em cadeia, que buscam promover o reequilíbrio das energias afetadas e a reintegração do sistema. E isso será feito a qualquer custo, ainda que custe muitas vidas ou a destruição de muitas regiões do planeta, até que tudo volte ao seu devido lugar.

O jogo duro que o planeta está assistindo vem sendo travado entre a Economia e a Ecologia, e a Economia não tem a mínima chance de sair vencedora, ainda que os seus jogadores e a sua torcida pensem exatamente o inverso. A Ecologia utiliza como tática, métodos invencíveis e que se destacam por valorizarem o trabalho conjunto, em que todos se ben
eficiam da sua vitória, até mesmo os derrotados.
A Economia, ao contrário da Ecologia, por ser individualista e independente, instiga a luta e a rivalidade insana, através do lema de vitória a qualquer preço. Mas, no início das relações comerciais não era assim, por isso não adianta a desculpa de que não tem jeito de mudar, que não tem como ser diferente.
Até o século XVI, a economia estava relacionada ao bem estar de cada povo. Os mercados eram regidos por trocas de mercadorias, sem envolver o dinheiro. A idéia de lucro não era aceita, e em alguns locais era proibida. E, ninguém se atrevia a falar de cobrança de juros, que era alguma coisa inimaginável.
A base da economia moderna surgiu no século XVII, com Sir William Pety, contemporâneo de Isaac Newton, que se utilizou de conceitos newtonianos para avaliar o vo
lume do dinheiro e a velocidade da sua circulação. O método adotado consistia em substituir palavras e argumentos por números, pesos e medidas.
As leis mecânicas de Newton serviriam de inspiração para outros teóricos
, como John Locke, que foi o criador da teoria da oferta e da procura. Esta teoria parte do pressuposto que os participantes do mercado irão gravitar sem nenhum atrito, de um valor máximo a um mínimo, até que se atinja um preço ideal que satisfaça ambas as partes.
Adam Smith aceitou a idéia de Locke, e também adotou a premissa de que produtores e consumidores se encontrariam no mercado, com igual poder e de posse das mesmas informações.
Esse quadro idealista ainda é usado por muitos economistas, desconhecendo que gigantescas empresas internacionais controlam a oferta dos bens de consumo, provocam demandas artificiais com suas campanhas publicitárias e interferem incisivamente nas políticas
nacionais dos países onde estabelecem suas filiais.
Essa visão de um capitalismo controlador e manipulador das fontes de riqueza e, ao mesmo tempo usurpador dos maiores lucros, foi o alvo principal da crítica à econ
omia clássica, feita por Karl Marx.
Marx, no entanto, não conseguiu evitar que a elite intelectual do seu tempo seguisse o mesmo caminho, valorizando as virtudes de uma industrialização moderna e mecaniz
ada, em detrimento da vida rural.
Deve-se, porém, a Marx, uma visão pioneira da consciência ecológica que só viria a ganhar força quase um século mais tarde. Numa passagem de "O capital", Marx afirma que todo progresso na agricultura capitalista está comprometido com a arte de roubar, não só do trabalhador, mas também do solo de onde se extrai a produção. Mas, na prática, as sociedades socialistas foram tão agressoras e poluidoras, quanto os países capitalistas, o que, atualmente, veio a se agravar com o progresso industrial da China.
A realidade é que, através dos tempos, as
sociedades não vacilavam em derrubar florestas, poluir rios e despejar fumaça no ar, em seus processos de crescimento econômico. As teorias têm mudado, mas as práticas continuam as mesmas, prejudiciais à preservação ambiental e ao futuro da humanidade.
Com o advento da Grande Depressão de 1929, surge uma nova visão econômica, concebida por John Maynard Keynes, que passou a levar em conta diversas variáveis econômicas, até então desprezadas, como a renda nacional, a taxa de emprego e o volu
me de moeda circulante.
Keynes propôs o controle do dinheiro em circulação, das taxas de juros, do aumento ou redução dos impostos e outras medidas a serem adotadas, conforme a situação econômica do país.
Essa nova abordagem de Keynes, ainda que não fosse a sua intenção, acabou colocando nas mãos dos governos e das empresas, as decisões de interferir nas relações de oferta e procura, deixando os consumidores como autênticas cobaias nas mãos dos cientistas econômicos e dos economistas das grandes empresas multinacionais.
O modelo proposto por Keynes peca por não levar em conta certos fatores que press
ionam os resultados dos índices econômicos, como o poder de interferência das grandes empresas, as condições políticas por que passa uma nação e, principalmente para os dias de hoje, os custos sociais e ambientais decorrentes das atividades econômicas. O efeito maior e mais assustador de tudo isso veio a se tornar a inflação.
O conceito acadêmico de inflação é que se trata de uma excessiva quantidade de moeda circulante, superior ao lastro em ouro, que garantiria o seu resgate por parte do Estado. Mas, há muito que essa definição está considerada como ultrapassada , devido à enorme complexidade dos fatores que interferem nos índices inflacionários, dentre os quais as variáveis sociais, psicológicas e ecológicas que, por não serem levadas em conta pelos economistas, têm causado e poderão causar estragos ainda maiores, para controlar o processo inflacionário diante do utópico conceito de desenvolvimento sem inflação e sem desemprego.
Mas disso trataremos no Segundo Tempo desse jogo entre a Economia e a Ecologia, que ficará para uma próxima postagem.
Até aqui, as ações características do número 8 têm prevalecido, com o descontrole absoluto do sentido de progresso, provocando movimentos de desmedidas ambições, de ganâncias de lucros absurdos e de expansão de crescimento contínuo e ilimitado.
O efeito de tudo isso tem-se refletido na qualidade de vida e na degradação ambiental do planeta com sérias possíveis consequências para as gerações futuras.
A salvação do futuro da humanidade está na dependência da reação do número 7, no Segundo Tempo desse jogo, que até o momento está sendo dominado pelo número 8.
FIM DO PRIMEIRO TEMPO.

Nota do autor : Os dados e muitas das informações utilizados neste texto foram extraídos do livro Sabedoria Incomum, de Fritjof Capra, e fazem parte da sua entrevista com a escritora e estudiosa da economia internacional Hazel Henderson.